Há dias li um artigo que falava de infidelidades, tanto masculinas como femininas. Achei surpreendente ver como falavam de características diferentes para cada uma delas, como se de uma ciência se tratasse. No entanto, nunca puderam estabelecer os limites do que é ou não infidelidade. Quando se pisa o risco? Segundo esse artigo, essa linha depende de cada um. Então, podemos ser fiéis e infiéis ao mesmo tempo. Se a pessoa com quem mantenho relacionamento considerar ser infiel o simples facto de apreciar alguma característica de outra pessoa, seja física ou intelectual, então sou um infiel convicto. Mas claro, como para mim essa não é a linha da infidelidade... então que sou? Este tema dá tanto que falar... será um beijo um acto infiel ou será apenas o sexo? E o desejo, é infidelidade? Porque se o desejo não é, então só se é infiel se há oportunidade, deixando de fora todos aqueles que o seriam se fossem correspondidos. Haverá infidelidade pior que a dos sentimentos, mesmo que não seja dado o passo final?
Pensava que ela estava desterrada do meu coração, mas um dia destes voltou a casa. Ao vê-la, todas as recordações emergiram novamente na minha cabeça. As longas tardes de domingo na sua companhia, as noites de verão em claro e húmidas com ela na cama. Recordo-a ao meu lado fosse onde fosse, incondicional. Na sua companhia passei parte da minha vida, e a seu lado cresci e sofri. Talvez não fosse a melhor companheira em alguns momentos, mas estava ali. Ainda assim, em todos esses anos partilhados, houve uma coisa que nunca lhe perguntei: o seu nome. Melancolia.
-Amo-te. -Eu também te amo mas isso não é o suficiente. -O amor consegue tudo. -No meu mundo não. Na verdade, sou assim por culpa dele. O amor é a única emoção que é completamente oposta àquilo que pensamos ser. O amante não é egoísta, mas quer o outro só para si. É desinteressado, mas se não recebe o mesmo que dá, esquece imediatamente a sua condição. O amor é magia até se acabarem os truques, é resposta até que os curiosos se multiplicam. Tu és jovem e ainda não percebes, eu que conto séculos às costas tudo sei. Como disse aquele velho conhecido, não sou digno de entrar na tua casa, mas basta uma palavra tua para atravessar a porta. Vês? No fundo não somos assim tão diferentes, Jesus Cristo também deu a beber o seu sangue aos discípulos...
Ontem, enquanto relaxava numa esplanada cá da terrinha e à conversa com uma amiga, em tom de brincadeira disse-lhe que estava à espera do Diabo no intuito de lhe vender a minha alma. A minha amiga perguntou se realmente a queria vender, porque ela tinha acesso directo ao inferno. A conversa seguiu nesse caminho, mas foi tomando proporções mais sérias, o que eu não estava à espera (vender a alma ao Diabo tem muito pouca seriedade no meu ponto de vista). A dado momento, falava-me como se fosse ela própria Satanás e comecei a dizer como faria numa reunião com o Diabo para vender a minha alma. Curioso foi, quando se certificou que realmente estava convencido a vender o meu bem mais precioso e tudo o que demais detenho, disse que, em troca, me daria todo o poder do mundo.
-Mas eu não quero poder!!!
Respondeu, segura de si mesma, que todos o queremos e eu não sou diferente, que quero o poder mesmo que ainda não o soubesse, e como a continuava a contrariar, perguntou:
-Que queres tu afinal?
Disse-lhe que queria poder abraçar uma determinada pessoa naquele instante, sem falar, sem mais que sentir os seus braços mesmo que por um instante. A minha amiga começou a rir-se de mim enquanto dizia que eu estava louco. Não entendia que pudesse querer algo que não fosse o poder, qualquer que ele seja. Creio que não sou o único, como disse ela, que rejeita todo o poder do universo por um instante especial. Continuo a acreditar que muita gente dá mais valor aos sentimentos. Apenas nos resta saber se realmente estamos loucos!!!